sexta-feira, 26 de junho de 2009

Casinha Branca

"Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer"

Gilson / Joran

Ronaldo

terça-feira, 23 de junho de 2009

SAUDADES

"Saudades, só portugueses
conseguem senti-las bem.
Porque têm essa palavra
para dizer que as têm."
Fernando Pessoa

Marina Fossa
O HOMEM DO BOTÃO

Quando esta velha nave espacial do mundo for um
[dia a pique
Não haverá iceberg nenhum que o explique... Apenas
Um de nós, em desespero
como quem se livra de terrível dor de cabeça - com
[uma bala rápida no ouvido -
Vai apertar primeiro o botão:
Clic!
Tão simples... E os mais espertos venderão,
A preços populares arquibancadas na Lua
Ou caríssimos camarotes de luxo
Para que possam todos assistir à nossa ÚLTIMA
[FUNÇÃO.
O perigo
É que a arquibancada desabe
Ou que a própria Lua venha a cair no caldeirão
[fervente.
Enquanto isso, Deus, que afinal é clemente,
Põe-se a cogitar na criação. em outro mundo,
De uma nova humanidade
- sem livre-arbítrio -
Principalmente sem livre-arbítrio...
Mas com esse puro instinto animal
Que o homem do botão atribuía apenas às espécies
inferiores.

Mário Quintana
ANA LUIZA

sábado, 20 de junho de 2009

Canção de Siruiz

Urubú é vila alta,
mais idosa do sertão:
padroeira, minha vida -
vim de lá, volto mais não...
Vim de lá, volto mais não?...

Corro os dias nesses verdes,
meu boi mocho baetão:
burití - água azulada,
carnaúba - sal do chão...

Remanso de rio largo,
viola da solidão:
quando vou p'ra dar batalha,
convido meu coração...

Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa

Entoada por uma jagunço no meio da madrugada, na Canção de Siruiz há todo o enredo do grande sertão (ser/tão) e surge como uma espécie de oráculo, representando a dupla origem do encontro com as letras (poesia) e com a guerra, antecipando os encontros na vida de Riobaldo.

Raíça

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Odete inventa o mar

Trecho de Odete inventa o mar, de Sônia Machado de Azevedo

no entanto ela nascia em cada janela em cada flor no
gramado na areia da praia em cada onda pequena que se
levantava Odete nascia com seus cabelos revoltos seus ves-
tidos rodados leves coloridos como se fosse a única entre
nós incapaz de morrer
e o seria no fundo bem lá no denso fundo das coisas que
não podemos entender nem niguém

Bjos
Rique Manesco

terça-feira, 16 de junho de 2009

A Rua dos Cataventos - VI

Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.
Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola. . .
Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.
Ele trabalha silenciosamente. . .
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente. . .

Mário Quintana

Sol de Primavera

Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez

Já sonhamos juntos semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar

Já choramos muito, muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa cantar uma nova canção que venha nos trazer

Sol de primavera abre a janela do meu peito
A lição sabemos de cor só nos resta aprender

Beto Guedes / Ronaldos Bastos


Quel

domingo, 14 de junho de 2009

TEXTO...11 de Junho

A Deusa da Minha Rua

A deusa da minha rua
Tem os olhos onde a lua
Costuma se embriagar
Nos seus olhos eu suponho
Que o Sol num dourado sonho
Vai claridade buscar

Minha rua é sem graça
Mas quando por ela passa
Seu vulto que me seduz
A ruazinha modesta
É uma paisagem de festa
É uma cascata de luz!

Na rua uma poça d'agua
Espelho da minha mágoa
Transporta o céu para o chão
Tal qual o chão da minha vida
A minha alma comovida
O meu pobre coração!

Infeliz da minha mágoa
Meus olhos são poças d'agua
Sonhando com o seu olhar

Ela é tão rica e eu tao pobre
Eu sou plebeu e ela é nobre
Não vale a pena sonhar!


Roberto Carlos


Bjões Galera!!!

Caio

sábado, 13 de junho de 2009

Texto ... 11 de junho

UMA DIDÁTICA DA INVENÇÃO

VII

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele
delira.
E pois.
Em poesia, que é a voz de poeta, que é a voz de fazer
nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.

Manoel de Barros
TRUCIDARAM O RIO (Manuel Bandeira)

Prendei o rio
Maltratai o rio
Trucidai o rio
A água não morre
A água que é feita
De gotas inermes
Que um dia serão
Maiores que o rio
Grandes como o oceano
Fortes como os gelos
Os gelos polares
Que tudo arrebentam.

1935


Besos,
Lilian

terça-feira, 9 de junho de 2009

eu voei.

finalmente consegui me juntar à Grilaria. já não era sem tempo. mais um pouco e eu me esquecia quem eu era. [tempos pessoais difíceis], mas eis que eu me encontro, pleno domingo-madrugada com pessoas amigas, queridas e outras, desconhecidas até então. fatal: novos amigos me fizeram voar em seus braços.
e no depois, ando toda pesquisadora: texto e música. primeiro corpo-som e depois palavras. e a gente volta ao princípio de tudo.
e aí, já beira outro dia de Grilaria.
bendito sejam os feriados e os dias santos.
amém.
ac.

domingo, 7 de junho de 2009

Acho muito bom aproveitar esse tempo de manhã, do silêncio de domingo, pra fazer alguma coisa produtiva e prazerosa.
O nosso encontro se completou dessa vez com pessoas novas. Trabalhamos corpo, ritmo, canções, improvisações. Realmente, a atenção é um grande desafio... para contar e sentir os pulsos, manusear a bolinha. Estar atento ao(s) outro(s) também é desafiante e traz novas sensações, começa a nascer lentamente uma atmosfera.
Os olhares foram fundamentais para se estabelecer uma relação, um controle, principalmente quando estávamos batendo palmas no tempo, no contra e mantendo as pausas. ( o diálogo entre as palmas dos dois grupos é muito interessante!)

Achei que o último encontro foi harmonioso, percebe-se rapidamente que as pessoas trazem consigo já algum tipo de experiência musical. Desta vez me senti um pouco mais à vontade, espero desenvolver uma boa troca e entrega no processo.
Fazer a ciranda e fazer junto as respirações e "s" foi fogo! E deu uma boa acordada em tudo. Esse exercício traz uma imagem mesmo de grupo, talvez pela proximidade das mãos, dos movimentos e dos sons.
Gosto e acho muito importante o trabalho corporal, a preparação. Desde o alongamento, do aquecimento até a pesquisa em cima do próprio corpo e suas possibilidades de sonoridade. Tive dois parceiros bem generosos no último exercício.

O que me empolgou mais foi a parte final, de olhos fechados, com sons improvisados. Esse momento parece levar longe. De repente já tínhamos até passado do horário. Para mim, passou rápido demais.

Estou indo para o próximo encontro com boas novas sensações!

Um beijo,
Lili
Há tempos queria unir o som, a palavra, o toque, o ritmo e a melodia ao corpo. Sentia uma vontade quase que incontrolável de estar presente e disponível para a arte, em toda a minha totalidade, para a vazão do que para mim é tão especial.
E pressentia que só alcançaria o estado tão desejado, ao lado de pessoas que também buscam algo parecido e se disponibilizam a ação desse processo.
Sinto uma imensa alegria ao poder dividir com vocês a minha busca e uma responsabilidade grande em estar presente todo o tempo.

Muito grata a todos

Beijos grilados

Flávia